Devoção das Sete Dores e Sete Alegrias de São José: Origem, Oração e Indulgências

A Devoção das Sete Dores e Sete Alegrias de São José é uma prática espiritual profundamente enraizada na tradição católica, que convida os fiéis a meditarem sobre os momentos de sofrimento e alegria na vida de São José, esposo de Maria e pai adotivo de Jesus. Este artigo explora a origem dessa devoção, a oração associada e as indulgências concedidas pela Igreja, oferecendo um guia completo para os leitores do blog Catolicidade que desejam aprofundar sua espiritualidade.

Origem da Devoção: O Milagre dos Dois Frades Franciscanos

A Devoção das Sete Dores e Sete Alegrias de São José teve início no século XVI, a partir de um evento milagroso narrado em fontes tradicionais, como o Sumário das Excelências do Glorioso São José (1597), do padre carmelita Jerónimo Gracián. Conta-se que dois frades franciscanos viajavam em um navio ao longo da costa de Flandres (região que abrange partes da atual Bélgica, França e Países Baixos) quando uma violenta tempestade causou o naufrágio da embarcação. Dos cerca de trezentos passageiros a bordo, apenas os dois frades sobreviveram, agarrando-se a tábuas dos destroços e permanecendo à deriva no mar por três dias e três noites.

Em meio ao desespero, os frades, devotos fervorosos de São José, recorreram a ele com orações ardentes, implorando sua intercessão. No terceiro dia, um homem de aparência majestosa e radiante apareceu milagrosamente sobre as tábuas, confortando-os e dando-lhes força para resistir. Ele os guiou até um porto seguro, onde chegaram sãos e salvos. Ao perguntarem quem era seu salvador, o homem revelou ser São José, esposo de Maria e pai adotivo de Jesus. Em agradecimento, ele pediu que os frades recitassem diariamente sete Pai-Nossos e sete Ave-Marias em honra às sete dores e sete alegrias de sua vida terrena, como forma de propagar sua devoção. Após essa revelação, São José desapareceu.

A partir desse evento, os frades divulgaram a prática, inicialmente chamada de “os sete Pai-Nossos de São José”. No século XVIII, a devoção foi estruturada em sua forma atual pelo Beato Gennaro Maria Sarnelli, redentorista, que a complementou com orações específicas. A Igreja a enriqueceu com indulgências, especialmente por meio dos papas Gregório XVI, Pio VII e Pio IX, consolidando sua importância na espiritualidade católica.

A Oração da Devoção das Sete Dores e Sete Alegrias

A prática tradicional da Devoção das Sete Dores e Sete Alegrias consiste em meditar sobre sete momentos de sofrimento e alegria na vida de São José, acompanhados pela recitação de um Pai-Nosso, sete Ave-Marias e um Glória ao Pai para cada mistério. Abaixo, apresentamos a oração completa, incluindo a oração final tradicional, conforme aprovada pela Igreja.

Primeira Dor e Alegria: A Dúvida de São José e a Revelação do Anjo (Mt 1,18-21)

  • Dor: Ó Esposo puríssimo de Maria Santíssima, glorioso São José, assim como foi grande a amargura de vosso coração na perplexidade de abandonardes vossa castíssima Esposa,
  • Alegria: assim foi inexplicável a vossa alegria quando pelo Anjo vos foi revelado o soberano mistério da Encarnação.
    Por essa vossa dor e por essa vossa alegria, vos pedimos que consoleis os nossos corações, agora e na nossa última agonia, com a alegria de uma vida justa e de uma morte santa, semelhante à vossa, assistidos por Jesus e Maria.
    Pai-Nosso, 7 Ave-Marias, Glória.

Segunda Dor e Alegria: A Pobreza do Nascimento de Jesus e Sua Adoração (Lc 2,1-16)

  • Dor: Ó felicíssimo Patriarca, glorioso São José, que tanto padecestes por não encontrardes uma digna hospedagem para o nascimento do Filho de Deus,
  • Alegria: mas depois vos alegrastes ao ver o Verbo Encarnado nascer em um estábulo, adorado pelos anjos e pastores.
    Por essa vossa dor e por essa vossa alegria, vos suplicamos que alcanceis para nós a graça de sermos livres das vaidades mundanas e de amarmos a Jesus com um coração puro.
    Pai-Nosso, 7 Ave-Marias, Glória.

Terceira Dor e Alegria: A Circuncisão de Jesus e o Nome de Salvador (Lc 2,21)

  • Dor: Ó obedientíssimo executor das leis divinas, glorioso São José, o sangue preciosíssimo que o Redentor derramou na circuncisão trespassou vosso coração,
  • Alegria: mas o nome de Jesus, que lhe foi imposto, vos confortou e encheu de alegria.
    Por essa vossa dor e por essa vossa alegria, alcançai-nos a graça de sermos livres de todo pecado e de vivermos plenamente para a glória do Nome de Jesus.
    Pai-Nosso, 7 Ave-Marias, Glória.

Quarta Dor e Alegria: A Profecia de Simeão e a Glória de Jesus (Lc 2,34-38)

  • Dor: Ó fidelíssimo São José, que fostes testemunha da profecia de Simeão, que anunciou que Jesus seria sinal de contradição e que uma espada trespassaria o coração de Maria,
  • Alegria: mas também ouvistes o louvor de Simeão e Ana, que proclamaram Jesus como a salvação de Israel.
    Por essa vossa dor e por essa vossa alegria, alcançai-nos a graça de suportarmos com paciência os sofrimentos desta vida, confiando na promessa da glória eterna.
    Pai-Nosso, 7 Ave-Marias, Glória.

Quinta Dor e Alegria: A Fuga para o Egito e a Proteção da Sagrada Família (Mt 2,13-15)

  • Dor: Ó vigilantíssimo guardião do Verbo Encarnado, glorioso São José, que tanto sofrestes para proteger Jesus e Maria da perseguição de Herodes, fugindo para o Egito,
  • Alegria: mas vos alegrastes ao cumprir a vontade divina, conduzindo a Sagrada Família em segurança.
    Por essa vossa dor e por essa vossa alegria, alcançai-nos a graça de afastarmos de nossas famílias todo mal e de vivermos sob a proteção divina.
    Pai-Nosso, 7 Ave-Marias, Glória.

Sexta Dor e Alegria: O Retorno do Egito e a Vida em Nazaré (Mt 2,19-23)

  • Dor: Ó protetor da Sagrada Família, glorioso São José, que temestes retornar à Judeia por causa de Arquelau,
  • Alegria: mas vos alegrastes ao estabelecer-vos em Nazaré, onde Jesus pôde crescer em segurança.
    Por essa vossa dor e por essa vossa alegria, alcançai-nos a graça de vivermos em paz e de seguirmos a vontade de Deus em todas as coisas.
    Pai-Nosso, 7 Ave-Marias, Glória.

Sétima Dor e Alegria: A Perda e o Encontro de Jesus no Templo (Lc 2,41-50)

  • Dor: Ó pai amoroso, glorioso São José, que sofrestes a angústia de perder o Menino Jesus por três dias,
  • Alegria: mas vos alegrastes ao encontrá-Lo no Templo, ensinando os doutores com divina sabedoria.
    Por essa vossa dor e por essa vossa alegria, alcançai-nos a graça de nunca perdermos Jesus pelo pecado e de O buscarmos sempre com amor.
    Pai-Nosso, 7 Ave-Marias, Glória.

Ant. O mesmo Jesus que acaba de entrar em seus trinta anos e todos o tinham por Filho de São José.

V. – Rogai por nós São José.

R. – Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremus: Ó Deus, que por vossa inefável providência vos dignastes escolher o Bem-Aventurado José para esposo de vossa Mãe Santíssima, concedei-nos, nós vos pedimos, que, venerando-o como protetor na terra, mereçamos tê-lo como intercessor nos céus. Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.

Indulgências Concedidas pela Igreja

A Igreja Católica, reconhecendo o valor espiritual da Devoção das Sete Dores e Sete Alegrias de São José, concedeu indulgências para incentivar os fiéis a praticá-la. Conforme aprovado pelos papas, especialmente Gregório XVI e Pio IX, as indulgências associadas são as seguintes:

  • Indulgência Parcial: Cinco anos de indulgência são concedidos a cada vez que a devoção é praticada, ou seja, ao recitar as orações para cada uma das sete dores e alegrias, com coração contrito e devoto.
  • Indulgência Plenária: Uma indulgência plenária pode ser obtida uma vez por mês, para aqueles que recitam a devoção diariamente durante um mês inteiro, sob as condições habituais: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Santo Padre (geralmente um Pai-Nosso e uma Ave-Maria).

Para lucrar essas indulgências, é necessário estar em estado de graça e ter a intenção de receber os benefícios espirituais. A prática pode ser realizada em qualquer dia, mas é tradicionalmente recomendada às quartas-feiras, em honra a São José, ou nos sete domingos anteriores à sua festa (19 de março).

Conclusão

A Devoção das Sete Dores e Sete Alegrias de São José é uma prática espiritual que une os fiéis à vida do Santo Patriarca, convidando-os a meditar sobre sua confiança, humildade e amor pela Sagrada Família. Originada pelo milagre dos dois frades franciscanos salvos por São José, essa devoção foi enriquecida pela Igreja com orações e indulgências, tornando-se um caminho poderoso para crescer na fé. Que os leitores do Catolicidade sejam inspirados a incorporar essa prática em sua vida espiritual, buscando a intercessão de São José para viverem plenamente para a glória de Deus.

Recomendação de Leitura

Para aprofundar sua devoção e conhecimento sobre São José, recomendamos a leitura do livro São José, de Monsenhor Ascânio Brandão, publicado pela Edições Livre. Esta obra de 88 páginas explora a vida do Santo Patriarca, descrito como a criatura mais perfeita após Maria, destacando sua santidade, papel como pai adotivo de Jesus e esposo castíssimo de Maria. Com uma linguagem acessível e espiritual, é ideal para quem deseja crescer na devoção ao glorioso São José. Adquira já o seu exemplar no Mercado Livre, com envio para todo o Brasil, e mergulhe na vida e nas virtudes do Padroeiro da Igreja! Compre aqui.